José Gomes, ex-treinador do Videoton, concedeu uma entrevista exclusiva ao Nemzeti Sport on-line relacionada com o Campeonato Europeu de Sub-19 e as diferenças fundamentais entre o futebol húngaro e o português.
Paulo Sousa serviu como mediador para a sua chegada a Székesfehérvár? Como é o relacionamento com Joan Carrillo, treinador que é o sucessor de José Gomes ? Arrepende-se das críticas feita aos árbitros? Respostas abaixo.
– Antes do início do Campeonato Europeu de Sub-19, os jogadores húngaros afirmaram que podiam ganhar a Portugal, porque a equipa portuguesa tinha sido perdido noutros jogos, mas sofreram seis golos. Considera que há problemas com a formação dos juniores húngaros? O que poderia ser feito de forma diferente e por que actuaram, assim, frente a Portugal?
– As diferenças entre Hungria e Portugal estão relacionadas com a experiência dos treinadores portugueses, com os critérios dos departamentos de “scouting”, a organização dos clubes e as formas de abordar e interpretar o jogo.
– Pode aparecer um novo Cristiano Ronaldo na equipa de Sub-19 de Portugal?
– Há portugueses com talento em todos os sectores. No entanto, é prematuro e prejudicial referir que algum jogador tão novo pode ser como o Cristiano Ronaldo ou como o Puskás. Sem comparar com o Ronaldo, gostei de ver alguns jogadores como Gelson Martins, Marcos Lopes, Ivo Rodrigues ou o André Silva, um futebolista muito interessante, que tem golo, e é bastante intenso. Continua a correr mesmo com 120 minutos de jogo, apresentando um carácter fantástico.
– O seu filho jogou na Hungria quando você foi treinador do Videoton. Confiou nas capacidades dos treinadores húngaros do seu filho?
– Fiquei satisfeito, porque o trabalho realizado foi extraordinário, mas sei que nem todos os clubes trabalham tão bem como na equipa onde o meu filho jogou.
– Qual é motivação de estrelas como Caneira e Filipe Oliveira na Hungria?
– É uma questão que eles podem responder melhor do que eu. Sei que acreditam no desenvolvimento do futebol húngaro e estão satisfeitos por poderem contribuir para o seu crescimento.
– Caneira e outros jogadores mais experientes aconselham os futebolistas mais novos? Estão receptivos a aprender?
– Os jogadores mais experientes costumam transmitir os seus conhecimentos aos jovens futebolistas húngaros. A maior parte dos atletas está totalmente disponível para aprender e aceita os conselhos dos colegas mais velhos.
– Há rumores de problemas disciplinares entre os jogadores Videoton. Como foram resolvidos?
– São apenas rumores. Nunca houve actos de indisciplina e se tivessem existido, seriam resolvidos de forma rápida e exemplar.
– Considera que as equipas húngaras deveriam jogar mais durante a época? Não há muitos jogos comparando com as ligas da Europa ocidental.
– Se o futebol húngaro mantiver o actual quadro competitivo, as vossas equipas só precisam de ganhar mais qualidade para chegar mais longe nas competições europeias. Não pode haver comparação com o futebol inglês ou espanhol, que não pára, enquanto na Hungria há a pausa de Inverno e, mesmo em estádios com relvados aquecidos, não é possível jogar. Depois, regressam com jogos duas vezes por semana, se estiverem na Taça da Hungria ou na Taça da Liga, pelo que não há espaço para a criação de mais competições.
– É verdade que Paulo Sousa o recomendou ao Videoton?
– A direcção do Videoton conheceu-me através do Paulo Sousa, pois pretendia continuar o bom trabalho realizado, mas a minha contratação foi normal, como qualquer outra. É um excelente treinador, partilhamos algumas ideias, mas somos diferentes noutras. Foi uma referência como jogador, com um currículo extraordinário, e soube ter a inteligência para aplicar esses conhecimentos como treinador de forma consistente. É mais um português a trabalhar muito bem no estrangeiro. Em Portugal, temos a melhor escola de treinadores do mundo!
– Tem um bom relacionamento com Joan Carrillo, seu sucessor? Esperava que ele assumisse a equipa?
– Depois de saber que não ia continuar no Videoton, a direcção alimentou a ideia de apostar no Joan Carrillo, um grande profissional. A minha relação com ele era excelente.
– Criticou os árbitros muitas vezes. Arrepende-se de algumas dessas declarações?
– Há duas opções: ou não falamos sobre a arbitragem ou se falamos, temos que contar a verdade. Fiz isso, como as imagens provam. Os jogadores falham golos, os treinadores podem errar na substituição de um jogador, por exemplo, e os árbitros têm de suportar a pressão das críticas. Não estou arrependido e quero destacar que tenho uma relação excelente com os árbitros húngaros e que eles têm a mesma qualidade que os árbitros do resto da Europa.
– Aceitaria uma proposta de outros clubes húngaros?
– Seria uma questão de analisar e tomar uma decisão, tal como estou disponível para analisar propostas de clubes de outros países.
Leia aqui a versão original desta entrevista.