RECORD – Nunca fez uma época completa como treinador principal no campeonato português porque apareceram outros projetos. Ainda assim, gostava de ter essa estabilidade ou o desafio também é aliciante nestes moldes?
JOSÉ GOMES – Sim, verdade. E estava no Rio Ave com esse intuito. O plantel foi feito praticamente de raiz, ficaram apenas seis jogadores da época anterior e a intenção era fazer uma época tranquila, num clube estável, mas em dezembro surgiu o convite do Reading e eu falei com o presidente do Rio Ave. Eu podia ter rescindido, mas disse-lhe que se ele chegasse a acordo com o Reading, eu iria; se não houvesse acordo, continuaria. Até porque queria retribuir o facto de terem acreditado em mim depois de vários anos fora de país. Chegaram a acordo e eu fui para Inglaterra. Quando fui para o Marítimo não foi no início da época, já estávamos a preparar a temporada seguinte e surgiu o convite do Almería. Mas reconheço que falta-me isso para a a minha carreira ter um rumo de maior impacto.
R – Quem treina em Inglaterra costuma ficar com a vontade de lá voltar. Acontece consigo?
JG – É. Espanha é muito bom pela dificuldade que todos os treinadores criam aos adversários, mas o ambiente do jogo em Inglaterra é único. Estádios lotados, cânticos do princípio ao fim… Os treinadores sentem-se treinadores e os jogadores sentem-se jogadores. Existe entusiasmo e respeito dos adeptos. Disse bem: quem passa por lá quer voltar e eu quero voltar.