RECORD – Você esteve pouco tempo com o Darwin, mas lembra-se da primeira impressão que teve dele?
JOSÉ GOMES – Darwin é um jogador poderoso pela velocidade e potência de remate que consegue ter mesmo depois de fazer um sprint de 50 metros. Esse foi o maior ponto de destaque e que mais impacto na imagem que tive dele, não só quando cheguei al Almería mas ainda antes, quando analisei os jogos dele. E tive oportunidade de ir dizendo, quando as pessoas me ligavam a perguntar, que eu achava que ele estava preparado para ajudar o Benfica no imediato em jogos em que o adversário se expusesse mais e sentir-se-ia como peixe na água na exploração das costas da linha defensiva do adversário. Com espaço, a velocidade dele é letal e tem golo. Na maioria dos jogos em Portugal, contra equipas que que defendem no primeiro terço, o Benfica tem de atacar em futebol apoiado. Darwin também pode demonstrar a velocidade em espaços curtos, mas aí ele teria de melhorar a qualidade e orientação dos apoios da receção. Acho que esse trabalho tem sido feito e o potencial dele é tremendo. Não é fácil encontrar um jogador de quase 1,90 metros com a velocidade dele e que tenha golo.
R – Jorge Jesus elogiou a capacidade de Darwin jogar mais descaído para o lado esquerdo. Já tinha pensado nessa possibilidade?
JG – Sim, como avançado a jogar mais aberto. Ele já tinha jogado no Almería assim e na seleção também, dando a referência de apoio ao ataque junto dos centrais a outro jogador, Darwin pode entrar no espaço entre o lateral e o central e, com a bola controlada e de frente para a baliza, é difícil conseguir pará-lo. E também pode ser aproveitado quando corta para dentro e remata muito forte. Há uns anos, o FC Porto jogava com Lisandro López nessa zona, ele foi melhorando alguns aspetos e quando passou para o meio fez ainda mais golos porque se encontrava mais perto de zonas de finalização. Mas essa vivência ajudou-o a ficar mais forte
R – O Almería tentou segurar o Darwin ou tornou-se impossível pelos valores envolvidos? Afinal, saiu para o Benfica por 24 milhões de euros…
JG – Os dirigentes disseram-me para esquecer porque, quer pelos clubes que estavam a tentar contratá-lo, quer pelos números, era impossível segurá-lo. Tínhamos de encontrar outras soluções para termos o mesmo número de golos e foi o que fizemos. Com pena nossa, porque ele já estava adaptado ao Almería, mas os treinadores percebem que ajudam os jogadores a serem valorizados e que, por vezes, os clubes não podem recusar montantes que ajudam a sanear, equilibrar ou enriquecer.
Por David Novo